sábado, 7 de março de 2015

Professores e pacotaço

Os professores do Estado do Paraná protestam contra um projeto de lei vulgarmente denominado “pacotaço”. Engraçado...
Profissionais que já não tinham adequadas as condições para bem desempenharem o seu trabalho, seja por receberem pouquíssimo, trabalhar muito e com carência de material em instalações precárias, ainda se veem à mercê de desmandos e desrespeito tanto do governo e, como se não bastasse, também de seus alunos. E contra estes, nem mesmo podem esboçar reação ante a qualquer tipo de agressão injusta cometida contra si, pois, sabemos, a lei brasileira privilegia ainda mais que os bandidos adultos, os nossos criminosos juvenis. Ademais, os mestres não podem opor algum tipo de reprimenda em face do mal que se lhes acomete sem que se arrisquem a se ver processados como incursos nalgum tipo penal absurdo ou verem suas morais vilipendiadas em qualquer tipo de escândalo midiático.
Ser agredido moral ou fisicamente em uma escola é algo que os professores estão sujeitos sem nunca terem sido preparados, se é que há meios de se preparar alguém para tal. São tantas as agruras do lecionar no Brasil e tão poucos os benefícios e desrespeito, que ser professor, realmente, deve ser o exercício tão só do amor e da ideologia. E, parece mesmo, que todo professor o é, somente por amor ou convicção. Que nobre ofício... Não o fosse por suposta inteligência o seu exercício, seria burrice a sua aspiração. 
No entanto, a precariedade do ensino no país é latente, patente e de conhecimento geral, só que o objeto da crítica errado, mentiroso, desinformado. Não se faz nem necessário mencionar o Gramscismo no ensino, até poque a avassaladora maioria nem saberia do que se estaria tratando. É de formato Gramcista o ensino brasileiro? Sem dúvidas; inquestionável. Mas, para quem já foi tão vitimado por este sistema de ensino a ponto de não possuir condições de refletir a esse respeito, ou, caso queira refletir, ou mesmo anseie por uma informação correta, ao recebê-la, teria a “vontade” de mudar a si mesmo e tudo o que aprendeu até o momento? A estes, meu apelo é óbvio. Não sou um gênio, e nem é necessário muito esforço, ou que se faça um aprofundamento filosófico, para se verificar qual o principal problema do nosso ensino. O único esforço necessário para se perceber que a culpa maior pela nossa má educação é unicamente dos nossos mestres e se faz evidente na situação sócio-político-econômica-pseudointelectual que vivemos hoje, é um esforço mnemônico. Só é preciso relembrarmos como fomos ensinados nos ensinos fundamental, médio e superior.
Seja dentro de uma escola pública com corredores sujos e paredes mal pintadas, repletas de filhos da miséria; seja numa escola particular, com suas carteiras impecáveis, quadro-negro e giz em abundância, o conteúdo programático dado, o conhecimento, propriamente dito, repassado é o mesmo e a forma como é apresentado, também. E nesse contexto, - o qual julgo ser o mais importante -, a responsabilidade é exclusiva dos docentes. As melhorias neste aspecto encontram-se unicamente nas mãos, ou melhor, nas palavras desses que lecionam em sala de aula e nada fazem para mudá-la.
Aliás, antes mesmo das instalações físicas ou quaisquer outros poréns negativos dentro do sistema educacional e somente se excetuando dessa comparação o quesito remuneração, julgo que o modo como se leciona seja o aspecto mais execrável. Digo, pois independentemente do ambiente no qual se leciona, boas ideias e conhecimento podem ser transmitidos. E o mais essencial, que é ensinar o ser humano a pensar foi e ainda é absolutamente preterido no processo de ensino nacional. Só nos foi e é ensinado algum tipo de raciocínio no ramo matemático, físico ou químico e ainda assim por inculcamento de aplicações de fórmulas cuja explicação ou fundamento, na maioria das vezes, se omite, restringindo-se o raciocínio à mera aplicação daquelas.
Então, vamos lembrar:
Quem, durante o ensino médio, nas suas aulas de história, cujos fatos além de nos serem ensinadas com uma ausência completa de ordem cronológica, ouviu falar das reais consequências da Revolução Comunista na União Soviética? Referiram-se sim aos seus "heróis" mas das suas milhões de vítimas, alguém ouviu sequer uma única referência? Uma tímida, qual seja, referência ao homicídio sistemático de mais de 60 milhões de seres humanos? Da construção de campos concentração? Do massacre de Katyn, na Polônia?
Não causa estranheza, lecionarem que Hitler, através do Nazismo, matou cerca de 6 milhões de judeus, mas não falarem uma mísera palavra a respeito do genocídio cometido na China pela mesma ideologia comunista da URSS, vitimando assim mais de 70 milhões de pessoas? Não que judeus não tenham sido vitimados pelo nazismo, mas nos omitiram o que lhes é conveniente. Quantas vezes proferiram a palavra burguês nas salas de aula a não ser no sentido comunista? Ou de elite com sentido pejorativo? Qual o seu conceito associado imediatamente a estas palavras? Burguês e elite, significam -lhe algo de bom? Jamais, pois, do modo como se nos foram expostos esses conceitos, impossível terem outra conotação, pois a realidade nos fora omitida. Não que não saibam da verdade. Apenas acabaram contando o que mais lhes convém. Construíram uma ideologia em que o trabalhador é um ingênuo explorado e o empregador um explorador amoral.
A história mundial foi propositalmente e maliciosamente ensinada como uma matéria a parte ou específica para que se facilitasse comparações de cunho moral entre estas com o fito de desenvaidecer o nacionalismo ao mesmo tempo que cria uma cisão entre a história brasileira e história do mundo; coloca-a como um fenômeno a parte, desatada do restante da humanidade.
Ao se aprender a história de Tiradentes (um dentista usado como bode expiatório; esquartejado para “proteger” seus “comparsas” revolucionários; um mártir; quase um cristo retratado em nossos livros, mas, no entanto, o foi de uma revolução vazia, cuja ideologia, se existiu alguma, não nos fora ensinada. Exaltaram o agir, menosprezando a inteligência. Tiradentes foi o prático de uma conspiração revolucionária linda. Aos teóricos, nunca foram cedido um espaço. Sabe-se que o comunismo exalta o praticismo, e que considera a teoria como derivada da prática. Isso não faz patente a estratégia comunistas por trás do ensino?
Isso, ao mesmo tempo que se analisarmos sob o outro aspecto dessa metodologia, quando comparamos o nosso herói tupiniquim com o vigoroso herói espartano o rei Leônidas, qual brasileiro, se pudesse escolher, gostaria de ser um Tiradentes? Qual dentista descabelado é mais homem que o símbolo da virilidade espartana. Mas, no fim, Tiradentes é o que somos, pois para isto fomos doutrinados. Assim fomos educados pelos nossos “ilibados” mestres. Busque qual herói há dentro do conteúdo programático das escolas que represente um brasileiro de moral inquestionável, honrado ou virtuoso? Somos todos Macunaímas, Lampiões, Lamarcas, cujas morais são tão questionáveis que nos insiram que normal é ser um pouco imoral. Não que nossos heróis sejam mais humanos, e por isso mais verdadeiros que os do resto do mundo, mas são mais sujos e desvirtuados que todos os demais. Houve honra até mesmo no Pancho Villa, mas nossos heróis tinham vícios demais para tão pouca virtude.
Esses exemplos ajudaram a constituir uma nação de corruptos ou de entes facilmente corruptíveis.
E nossos Dons? Todos os nossos governantes no Brasil império tiveram, mas com razão, todas as suas vergonhas expostas. Amantes, falta de higiene, uma proclamação da “república” por conveniência e covardia; “o quinto dos infernos”, era como éramos referidos por essa nobreza da forma como fora nos lecionado a respeito dos primórdios do nosso Brasil. Tratados violados, opressões, explorações por parte da elite, sempre da burguesia contra o proletariado. “Os ricos mais ricos...” foi o ensino não declarado do conceito de luta de classes comunista.
Poderia escrever um livro somente da forma como a história nos foi ensinada, mas creio que os presentes exemplos sejam suficientes para comprovar que tudo foi construído de maneira a crermos que somos explorados; que as mudanças somente ocorreriam por meio de violência advinda das classes inferiores; que tudo deve mudar, pois nada há que se orgulhar na nossa história e, principalmente, que ALGUÉM tem de fazer algo a esse respeito, mas não nós. Alguém tem de nos dizer o que fazer. Não fomos doutrinados a liderar. Liderança é algo inato. Não se ensina. Fomos ensinados a seguir, como rebanhos, para que os, literalmente, eleitos nos guiem. Fomos tão roubados desde o início de nossa história, seja pelos portugueses, seja pelas elites que sermos roubados chega a ser moralmente aceito.
Nos ensinaram bem a seguir ideias, modismos e conceitos, e nada temos para nos orgulhar. Aliás, o exemplo da martirização do Tiradentes, agrega todos os aspectos aspirados para se formar um bom idiota cidadão comunista. Ao mesmo tempo que nos ensina como agir (de acordo com os interesses de um ideal), denigre a imagem do agente. Esta cisão é a esperada conclusão: o agir por algo maior, torna até mesmo um indigente em imponente.
Ensinaram-lhes algo a respeito da história dos EUA, além da colonização? Da doutrina Monroe (América para os americanos), satirizada por todos os meus professores de história? - chegaram-me a dizer que as colônias americanas foram constituídas por ladrões e outra espécie de bandidos expulsos da Inglaterra. Quantas referências você teve do imperialismo americano? Quantas explicações no sentido de fazê-los parecerem um "bando" de aproveitadores, especuladores, até mesmo fazendo conter nos livros didáticos charges satíricas do "Tio Sam"? Quantas relações da sua imagem ao Capitalismo Selvagem? Um país ávido de controle mundial, a polícia do mundo(!) e uma série de outras emblemáticas relações com a política da opressão, não nos foi ensinado?
O Comunismo matou mais no mundo que qualquer gerra ou que os Nazistas e isso tudo se somadas todas elas. Pergunto quantas vezes numa aula de história o posicionamento dos EUA não foi colocado como o de meros oportunistas? Que após a Segunda Guerra Mundial, os americanos se desenvolveram economicamente de forma oportunista? Que a revolução industrial beneficiou um país capitalista oportunista, qual seja, a Grã-Bretanha? Mas que foi graças a industrialização que o Brasil se sentiu pressionado por aquele país e somente após isso, se viu obrigado a libertar os seus escravos, nunca alguém lhe contou, por certo.
Até mesmo chegaram a ensinar, porém a título de curiosidade, que eles não sabiam nada de história. Que seu ensino era patético. Que chegavam a questionar a genialidade de Santos Dumont, por acreditarem que os Irmãos Wright foram os verdadeiros inventores do avião. Que para os americanos o rio Amazonas não era o maior e mais volumoso do mundo, mas sim um rio chamado Mississipi. Que o mapa mundi dos EUA ilustrava o Estado do Amazonas como sendo território internacional! Tantos os absurdos professados por nossos tão eminentes professores, que não se sabe se crentes ou não de tais mentiras, fizeram do exercício da sua nobre profissão um crime!
A história mundial ensinada, se resumiu a um aglomerado de reações. De ação e reação. E esta a causa de revoluções. O governo mal; o mundo mal; um mundo que oprime e explora; o MUNDO É DO MAL! Foi o que nos foi ensinado.
Lembro-me, também, de um único professor de matemática que nos ensinou como foi criada a fórmula para cálculo das progressões aritméticas. Esse tipo de conhecimento conceitual ao ser repassado é incorporado na mente do interlocutor como se fosse um sentimento, logo, o conceito passa a ser parte integrante do seu intelecto e não mera ferramenta. Entendido o conceito, não se faz necessário que se decore uma fórmula, pois o caminho para se alcançá-la lhe foi mostrado. A pessoa não aprende a ideia, ela passa a sentir um conceito. Todavia, o que não é ensinado é a inteligência por trás de uma criação ou descoberta. As fórmulas são as ferramentas que derivam disso. São as conclusões. Mas contrariamente a isso, e em termos gerais para todas as matérias, o que é ensinado no Brasil é a apresentação da ferramente e em que circunstâncias essa deve ser utilizada.
A física também padece do mesmo mal. Os conceitos da física Newtoniana do ensino médio perdem-se em meio a meras aplicações de fórmulas. Perdem-se a ideologia e a filosofia, mesmo que errônea e falha do aspecto filosófico, de Sir Isaac Newton. Não há espaço ao debate. Não há o que se questionar; somente há o que se aplicar (fazer), quando o objeto do ensino é a fórmula. Abrir alas ao pífio ofício de resolver problemas, cuja teoria se restringe a regras da física aplicáveis somente dentro de um ambiente específico, exclui-se a sua a aplicabilidade e utilidade maior na vida real e prática.
O raciocínio inovador que provém de um bom debate, da colisão de ideias contrárias, simplesmente se desvaneceu ante a priorização da aplicação dogmática de fórmulas. Nada se ensina do antes, do "como?" ou "de que maneira?", somente se repassa a conclusão, o fático e já mastigado dever de aplicar algo, sem que se caiba um singelo questionamento do seu porquê. Ensino é, e sempre o foi aqui, doutrinação. Não há mente livre; todas são direcionadas. O todo professado no ensino nacional, nada mais é que resto. Resto é tabela; seja da tabuada ou de elementos químicos. Isso é nada mais que a aplicação do símbolo do Tiradentes a todas as matérias no ensino que é voltado não ao conhecimento, mas a inserção prática de cidadãos práticos, nada além de medíocres (ou abaixo disso) frutos dessa didática.
Lembro-me de uma audiência criminal na qual foi chamada a depor uma psicóloga responsável pela emissão de laudo técnico a atestar a incapacidade intelectual do réu. Quando perguntada pelo juiz acerca do método e do teste empregado, esta esclareceu que utilizara um método científico consistente em uma série de perguntas específicas, no desenho de figuras específicas, e na associação de imagens a ideias - como num exame psicotécnico. E que de acordo com um padrão de respostas e características dos desenhos, poder-se-ia aferir traços da personalidade de uma pessoa, podendo-se aferir indícios ou certezas de uma psicose, uma perversão, esquizofrenia dentre outras patologias. Porém, quando perguntada a respeito de que forma especificamente um traço feito num desenho, ou um detalhe, repercute num diagnóstico específico de uma doença ou debilidade, a profissional não tinha a menor ideia de qual o fundamento utilizado para se chegar a tal dedução. Qual o critério científico utilizado na criação do teste, nunca fora do conhecimento da psicóloga. A ela coube apenas, aplicar uma ferramente e de acordo com parâmetros pré estabelecidos enquadrar a pessoa objeto do teste num pré-determinado perfil psicológico. Inseri-la numa tabela.
Acredito que a maioria dos psicólogos não tenham conhecimento real de qual metodologia foi empregada para se criar o teste e baseado em que foram obtidas as suas conclusões. São meros empregados da psicologia. Como um servente de pedreiro que mistura o cimento água e pedra pra fabricar concreto, mas desconhece a reação química por trás da obra.
Mas, por acaso, ao conhecermos uma pessoa que se apresente como professor, qual a sua primeira impressão. Não é de querer consolá-lo ao mesmo tempo em imediatamente nos colocamos em condição inferior intelectualmente e respeitamos tudo o que este cidadão nos diga? Isso porque a eles se vinculou uma imagem dogmática de intelectuais. Eu mesmo quando alguém a mim assim se apresenta, tenho vontade de afagar-lhe a cabeça e dizer: Puxa como vocês são heroicos! Tadinhos. A vontade é grande, até me lembrar o quanto estes não passam de idiotas, por terem me ensinado tanta porcaria. Quanto tempo me fizeram perder com conhecimentos vazios e omissões maliciosas. Tiraram-me a infância e juventude, expondo-me a conceitos inverídicos e, principalmente(!), não nos ensinaram a pensar!
Toda vítima que assume a personalidade de seu agressor, passa a ser tão criminoso quanto aquele. Se foram vítimas de um sistema que lhes deu armas, em vez de usá-las contra os seus agressores as apontaram para as cabeças dos inocentes.
Como tudo poderia ser diferente!
Então, hoje, quando assisto ao noticiário mostrando as manifestações dos professores, enclausurados em barracas dia e noite, expostos, humilhados pelo poder público, a imagem que me vem não é a de “coitadinhos” que estariam, além de tudo, nos ensinando como é que se faz um protesto; mas é sim, a de que estão tendo o que merecem. Até hilário pensar que um Beto Richa, tenha sido um de seus alunos. E, talvez, o que melhor tenha aprendido! Pois se o país hoje se encontra na situação em que se mostra (em todos os aspectos) é graças ao ensino. E ensinar é a responsabilidade deles. Esse poder público do qual são vítimas é o mesmo que ajudaram a construir. Nunca se viu um Brasil tão burro, imoral e desvirtuado. E, agora, que necessitamos de mentes pensantes, somente temos os agentes. É a prática precedendo a teoria. É a subversão comunista. O protesto é a consequência do mal que os professores ensinaram o Brasil a ser.